domingo, 3 de junho de 2018

O MEDO DA LIBERDADE

Com a oportunidade que temos através dos procedimentos terapêuticos em gabinete, deparamo-nos com muitos casos de pessoas que se encontram revoltadas. Independentemente da classe social ou casta religiosa ou até mesmo a ausência de religião, o grande e maior motivo de tal revolta é estar preso a algo que não traga alegria, saúde, afeto, recursos.
Então o Cliente busca, motivado por essa inquietude, amealhar informações que o conduza a saciar essa necessidade (conjunta, isolada, ou coletiva, a exemplo da família ou sociedades).
Angústia
Ocorre que a grande maioria o faz movida por uma incerteza de busca. Ou melhor dizendo, sem saber muito bem o que quer. Terceirizando responsabilidades por seus insucessos e suas frustrações.
É sabido que quando se depende de uma outra pessoa, ou um grupo de pessoas para que determinada ação seja colocada em prática, certamente vamos encontrar obstáculos, preguiça, críticas e o resultado obtido será muito diverso do planejamento inicial, o que pode frustrar o projetista.
Também é sabido que realizar absolutamente tudo sozinho é algo inviável, pois no mínimo estamos nos valendo de algum objeto, utensílio ou recurso que não temos a mínima condição de produzir.
Consciência Livre 
Mas vamos considerar a busca individual como ânsia subjetiva para ilustrarmos melhor o problema  de estudo.  
Assim sendo, a pessoa busca se resolver de alguma forma, eis que inconforme com sua saúde, seu afeto, suas finanças.
Ao deparar-se com uma orientação profissional de que precisa mudar hábitos alimentares, sedentários, ela irá justificar que sabe perfeitamente disso, mas que não consegue.
Sob a sugestão de que seus sentimentos e emoções são os principais fatores de seus sucessivos fracassos afetivos, responderá que é assim mesmo, que faz parte de sua personalidade.
Conduzida a perceber que precisa dedicar mais tempo a especializar-se na área que realmente gosta convertendo-a em sua função financeira principal, retruca que isso dá trabalho e desanima.
Consciência Livre 
Excluindo a pecha comum de má-vontade ou zona de conforto, descobrimos um outro ponto que nos chama a atenção.
Todas essas alternativas ou necessidades buscadas - juntas ou isoladas - conduz o buscador a, cedo ou tarde, encontrá-las. E isso gera uma constatação de independência que, por sua vez, leva à liberdade. Essa mesma liberdade tão almejada é sinônimo de responsabilidade por si e pelos que o cercam. Saber de si é saber quem é, como é, porque é, para que é. Implica diretamente em ser dono de si e na obrigação de responder pelas próprias ações - e eventualmente pela dos outros, no caso de dependentes.
Isso explica objetivamente a demanda e debanda de muitos Clientes/Pacientes das Clínicas e Consultórios. Um tratamento que consegue mostrar para a pessoa o que ela está fazendo de errado e o que ela precisa começar a fazer para dar certo, gera um horror.
Cordialmente a pessoa se afasta para não mais voltar naquela linha de atendimento, e, insistentemente, procurará outro alguém, de outra corrente, escola, segmento que dê voltas e voltas sustentando engôdos e ilusões. Até que novamente a verdade surja e a pessoa se afaste profundamente decepcionada outra vez.
Consciência Livre
Assim, de maneira subconsciente, uma defesa se instala no campo mental da pessoa impedindo-a através do medo, de ser livre.
E aqui nem estamos abordando questões mais superficiais como chamar atenção, carências, culpas, obsessões, implantes, assédios e outras explicações legítimas, mas procuramos destacar que a pessoa não tem a mínima noção de quem efetivamente é, sem os implantes de filmes, genético-familiares, dos ídolos, referenciais externos, literatura filosófica; o simples fato de perceber que precisará ser ela mesma, a coloca imediatamente em condição de alerta, sim, atrelado a um ego do Orgulho, medo do que serei, se serei por mim mesma vencedora ou um fracasso, serei eu mesma a única responsável.
A pessoa não tem a mínima ideia ou sequer noção de como ela é em essência, quais são os seus verdadeiros gestos, tom de voz, olhar, caminhar, o que realmente gosta de comer, beber, praticar, qual sua opinião particular sobre os assuntos e temas que a circundam, se gosta ou não do calor, do frio, de dança, de futebol, de esoterismo, contas, música; que jeito é sua risada, se emociona com propaganda de margarina, gosta de crianças, não sabe plantar horta, tampouco andar de bicicleta.
Consciência Livre 
Esquece-se de que esse medo, deixando de existir em seu mundo é que a conduzirá à liberdade de ser quem é sem opressão. Respirando sem os grilhões da cobrança alheia, dos atos e fatos sociais e ainda assim, continuará a existir neste Planeta, País, Estado, cidade, bairro... Como alguém que faz parte inconteste de um grupo de seres especiais e que precisam e querem que ela seja o exemplo da alegria e felicidade, sem temor de errar para tentar novamente. Com bom-humor.
Permitir-se sofrer, sentir dores, estar em um estado físico e mental lastimável desde que com total consciência, também é ser livre, pois a pessoa saberá perfeitamente as causas e motivos que a conduzem a insistir em viver assim. Sim, isso é ser livre. A dor sente prazer. E o prazer pode ser interpretado como um estado de alegria... Estranho, mas real.
O que é paradoxal é querer soluções e quando estas se apresentam, num frasco de comprimidos ou num divã de terapia, dar de ombros, pagar pelo custo disso e reclamar que não existe uma solução para seu caso.Isso é sabotar-se e desperdiçar seu tempo, seu dinheiro, seu afeto, preocupando os que o cercam e gerando um círculo tolo, viciado em ligações e conexões profundamente densas que adoram essa condição específica, com um sabor especial.
Consciência Livre 
Já bastam as dificuldades que por si só nos acompanham todos os dias da existência. Encontrar, nos momentos de escape desses entraves e realmente observar o quão magnífico é o ato de existir e enxergar a grande dádiva da vida continuamente se expressando num suspiro de amor, num pulsar de gravidez, num desejo ardente, no recebimento de seu salário, na aquisição de um calçado, na viagem, na xícara de chá, no repouso de 10 horas, no olhar de um animal, no desenho que desvanece na nuvem, no gotejar, na frase de gratidão, no post de bom dia e em tantos outros imensos e pequenos, todavia contínuos milagres, perceberemos que um pneu não fura todos os dias, não estamos resfriados todos os dias, não atrasamos as contas todos os dias, não dependemos dos outros todos os dias, não estamos sozinhos todos os dias, não há tragédias todos os dias... Coisas que passam por nós como se não as víssemos, como se fossem meras obrigações de serem por serem boas. Nada mais que isso.Ser feliz é ser livre. E ser livre e saber de si e ser você mesmo, onde quer que seja, tendo noção do Sistema em que vive, das ações e reações que sua liberdade exerce e, nesse patamar, continuar a viver a idade que se tem até que uma nova surja e lhe oportunize uma nova experiência. Mesmo que isso incomode profundamente aqueles que não querem que você se liberte e seja feliz... Insista, seja inteligente, faça valer seu tempo, seu dinheiro, seus planos. Ajuste-os quando os outros os mude. Respire, chore se preciso, permita-se ficar irritado, cale-se, guarde segredo e vá se conhecendo, sendo você e adiante!
Consciência Livre
Faça.
Seja.
Flua.
Frua.
A escolha sempre é sua, seja sozinho ou acompanhado. As afinidades chegarão e você se surpreenderá quando se permitir ser livre do medo de ser livre. Mas não finja ignorância - salvo se isso faz parte de sua liberdade consciencial.
Assim sendo, seja feliz e faça felicidades!
Consciência Livre

Um comentário:

  1. Quando persistimos, conseguimos vencer o medo!!!
    Sou grata por seu trabalho!!!

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