SEM CULPA
Em mais uma virada de ano,
deparamo-nos com sentimentos variados e diversos, frutos de uma nova era, de um
período em que crianças se tornaram adultos e o Sistema lhes invade substituindo
valores e princípios tidos como tradição amena, agradável e espiritual por
propostas de sucesso, avanço e consumo tidos como normais.
Poucos ainda sustentam a mítica
lenda de um bom velhinho que supre de presentes as crianças comportadas na
noite da véspera do Natal. O que conta é o tipo de presente que os pais poderão
arcar para com seus filhos. Ou, quando não os têm, aos amigos e entes queridos
mais próximos. Eis o novo “espírito” natalino.
A tecnologia assassinou o cartão
de Natal que ansiosamente esperávamos para ir à papelaria escolher, ou, artesanalmente
preparar e “postar” nas agências de correios, cujos funcionários se assoberbavam
de trabalho nessa época de paz e confraternização. Depois, a tecnologia do
telefone discado (de fio), corroborava o carinho da oferta ou a nossa própria
caixa de correio doméstica se abarrotava de envelopes multicoloridos e
diversos.
Instituições voltadas ao auxílio
do ser humano com variadas necessidades e dificuldades especiais vendiam kits (hoje
combos) de cartões feitos pelos residentes em situações as mais diversas e
comoventes possíveis, facilitando aos caridosos o envio de mensagens mágicas e
emocionantes.
Hoje, um e-mail é coisa do
passado! E sequer sabemos o que será uma coisa do futuro.
Mas um sentimento perdura. E não
apenas no Natal, mas no novo ano que vinda e que se passa durante os próximos
365 dias do calendário gregoriano. E assim sucessivamente.
Um sentimento de CULPA. (Sim,
dentre outros, mas foquemos neste).
E perceberemos que nos sentimos
mal, quando vamos a uma festa e somos servidos de uma salada com maionese.
Quando procuramos na estante do mercado um produto sem açúcar, sem glúten, sem
transgênicos e o fato de tirar e não ter esses mesmos “ingredientes” torna-os
quase que inacessíveis ao uso comum. Quando usamos um celular ao pé do ouvido.
Ligamos para aquecer a mamadeira no micro-ondas. Quando compramos ração pronta
para o animal de estimação. Quando deixamos de adquirir um plano de saúde para
nossos pais vindos de uma longa jornada, na exata proporção em que a tabela de
custos exorbita qualquer renda familiar. A partir do instante em que o
automóvel na estrada à sua frente despeja fumaça do escapamento e o criticamos.
Quando compramos um caldo de cana num copo plástico com canudo de plástico, sem
perceber que a opção de papel mais cara é o resultado do desmatamento. Quando Jogamos
ao lixo um computador com impressora inteiros, pois há um conflito entre
software e hardware. Quando a garantia do seu aparelho de TV vence uma semana antes
e que ele, programado, estragada magicamente na semana seguinte. Quando você é
obrigado a beber água retratada vinda do mesmo lugar onde há pouco você
despejou eucalipto para aliviar o cheiro do vaso sanitário. Sentimo-nos mal por
ter comido carboidrato depois das 18 horas. Por acreditar que a cerveja sem
álcool é zero álcool. Por ser vegano, lactovegetariano, vegetariano, marciano,
venusiano e notar que é violado em sua integridade e princípios em uma simples
folha de alface repleta de agrotóxicos. Em que uma nação global defende o
pesticida como única alternativa de lucros e para o sustento e a saúde da
humanidade. Onde a inclusão social passa a ser moda, quando sempre foi algo
normal e essa moda é repleta de restrições e complexas normas “exclusivas” para
a mesma inclusão. Quando você deixa de enviar o extinto cartão de natal e nem
se lembrou de enviar o WPP coletivo.
Culpa! Esse o sentimento que
corrói as entranhas.
Mas... alguém já parou para
pensar que não nos dão opção??
Qual a opção que o “mundo”, que o Sistema nos
oferece para que possamos ser adequados, corretos, perfeitos?
Temos a tecnologia pronta, mas
ainda nos vendem carros movidos a motor à explosão. Qual a sua opção? Motor à explosão. Ainda nos banhamos com um aparelho de energia elétrica que busca água
vinda de represamentos imensos onde fios de alta energia sobre nossa cabeça
recebem uma torrente de fluxo de água? Qual a opção? Banho de chuveiro. Campos eletromagnéticos
ampliam-se a todos os instantes, desde o momento em que adquirimos uma existência
no bairro em que nascemos – ou quando somos gerados. Qual a escolha que temos
quando vamos ao mercado e queremos o melhor para nós, nossos filhos, pais?
Veneno, transgênicos, conservantes, acidulantes, colorantes, odores e sabores
sintéticos e que são tão absurdos que não se pode compreender o motivo pelo
qual o natural não lhe é acessível e é muito mais caro e não encontrável.
Quando a vida prática oprime e massacra a vida no campo. Quando o ar
condicionado é a proposta. Quando a geladeira que você comprou ou o aerossol
que usa para suas axilas destroem a camada de ozônio e o intoxicam com nitrato
de prata. Quando a música é alterada em seus hertz causando dano cerebral, não
importando o gosto musical. Quando o protetor solar causa câncer. Quando o
leite é conservado numa caixa que causa câncer. Quando o ovo causa câncer,
quando o vinho causa câncer, quando o chocolate causa câncer, quando fazer amor...,
causa câncer.
Qual a escolha que você tem? Por
que se culpa tanto por acreditar que podia ser melhor, fazer melhor e não
consegue no exato instante em que escova seus dentes com dentifrício que causa
câncer? Que bebe água com flúor que lhe oblitera a mente, os sentidos, a
memória? Qual a sua opção? Quais as escolhas saudáveis, baratas, duradouras que
temos à nossa disposição? Quando a leitura é elitizada e mesmo assim, não abre
brechas para soluções plausíveis, apenas congestiona com mais e mais cobranças
de coisas que deveríamos estar fazendo todos os dias para o bem-estar da
humanidade, da África, da China, do Nordeste, do litoral, do fundo do quintal,
do tapete na sala.
Para que sentir culpa por morar
num apartamento no centro urbano e não em uma chácara na zona rural? Você dá
conta de plantar feijão, cuidar de uma várzea onde nasce o arroz? Cuidar das
pragas na plantação de melancia? Quanto de nutrientes e vitaminas você sozinho
consegue plantar durante um ano inteiro para seu próprio consumo e de seus
familiares? Carrega os filhos nas costas para a escola que ensina que Pedro
Álvares Cabral descobriu o Brasil? Culpado pelo fato de ter precisado podar uma
árvore, por ter ralhado com o cachorro, por ter uma posição apartidária... Com medo
de tomar esta ou aquela decisão e ser denunciado pelo politicamente correto.
Quais suas opções legítimas e
concretas? Meditar e fazer mantras é a saída para a desintoxicação do monóxido
de carbono? Correr em uma esteira moderna ou no parque o livra dos radicais
livres? Ficar de ponta cabeça ajuda a crescer cabelos, a recuperar os óvulos, a
evitar cólicas menstruais? Culpados por usar cartão de crédito? Qual a opção?
E se tudo o que fazemos causa
dano? Direta ou indiretamente? Qual a sua opção, o que o Sistema permite legal
e oficialmente que você, dentro de seus recursos e condições, seja numa
colônia, em uma comunidade esotérica, new age, em um retiro que não dependa de
um poço artesiano que viola as veias do Planeta Terra, onde os fios elétricos
não precisem ser usados num moinho de vento gerador de energia ou em um movido à
diesel. Onde as paredes são erguidas com tijolos de fábrica, os canos são de
plástico, torneiras, pias, móveis, pratos, sofás, absorventes íntimos,
preservativos...? Qual a sua opção, que escolha temos?
Neste novo ano, que essa
consciência nos abra horizontes mentais e internos para que possamos viver bem,
sem a opressão invisível que foi semeada e implantada em nosso subconsciente
nos machucando diuturnamente a partir do instante em que acordamos e olhamos a hora
no relógio da parede movido à pilha.
Não mais percebemos que esse mal-estar,
esse “ruim” inconsciente todos os dias como se estivéssemos fazendo algo
horrível ou deixando de fazer sempre algo bom nos mergulhe no universo do
psicodrama desta sensação invisível e não identificável.
Agora o sabemos. CULPA!
Que tenhamos a certeza de que
fazemos o nosso melhor com o que nos é dado. Ou você é capaz de mudar da “casa”
Terra para outro lugar? Qual a sua opção? Escolher o melhor com o que se pode
ter e fazer!
E o melhor é cuidar de ti, de tua
saúde mental para que seus sentimentos e emoções não o violem psicologicamente ao
dar partida em seu automóvel e acelerar na cidade para ir ao trabalho, ao
mercado, à escola, ao médico, ao curandeiro, ou ao lazer.
Entender e compreender isso é
fundamental. Perceber esse implante que trucida os sentidos. Essa a melhor escolha
que podemos fazer com o que nos é dado. Viver bem.
Sejamos felizes e façamos
felicidades.
Boas festas. Boas mesmo!!!
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