Um problema de monta hoje é mais fácil de ser aceito e assimilado se depositar a causa num período de nossa existência distante do agora. Isso poderia ser visto com um desvio de responsabilidade, um alívio de peso.
Em assim sendo, a viagem no tempo seria então uma forma salutar de deslumbramento, um processo que permite um sentimento de desafogo ao se trazerem à consciência sentimentos, traumas que estavam reprimidos e a liberação desses sentimentos através de encenação.
Ao trabalhar-se com um Registro, temos em conta que se trata de uma inquietação ou um incômodo que nos assola hoje. Inequivocamente, sua fonte de atuação origina-se no passado, seja imediato ou longínquo. Ante o fato de que na grande maioria das vezes há um conforto em saber que tal origem está além de qualquer possibilidade de prova concreta – eis que o que se busca num primeiro momento é a purificação do Registro e não fatos históricos – essa retrospectiva pode ser utilizada inconscientemente como uma defesa emocional, psíquica que nos poupa de certos horrores impossíveis de serem admitidos atualmente por força de ética, moral, princípios ou valores.
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